Já se passaram quatro décadas desde que a obra-prima de ficção científica de James Cameron chegou às telas do cinema.
Nathan Abrams: Quando O Exterminador do Futuro, do diretor James Cameron, chegou aos cinemas em 1984, ele alterou para sempre o cenário da ficção científica.
Lançado há 40 anos, o enredo se desenrola no cenário de um futuro pós-apocalíptico, onde uma rede de defesa de inteligência artificial (IA), a Skynet, se voltou contra a humanidade. Ela desencadeia um holocausto nuclear e cria um mundo distópico onde as máquinas caçam os últimos resquícios da vida humana.
Desesperado para evitar a derrota pela resistência humana, a Skynet envia um Exterminador do Futuro de volta no tempo. Este androide realista é quase indistinguível de uma pessoa, mas superior em força, agilidade e inteligência. Sua missão - eliminar Sarah Connor (Linda Hamilton), a mãe do futuro líder da resistência humana. O Exterminador do Futuro, interpretado por Arnold Schwarzenegger, é implacável em sua perseguição e uma força quase imparável.
Enquanto isso, o filho de Sarah, John, envia de volta um guerreiro solitário, Kyle Reese (Michael Biehn), do futuro para proteger sua mãe. Embora humana e vulnerável, por meio de sua determinação e engenhosidade, Sarah é capaz de derrotar o Exterminador do Futuro. Ao fazer isso, Reese engravida Sarah e gera seu filho, John, o próprio homem que o enviará de volta no tempo.
O filme explora temas de destino e livre arbítrio. É sustentado pelas potenciais consequências do avanço tecnológico descontrolado na era da presidência de Ronald Reagan e sua iniciativa de defesa estratégica. "Star Wars", como era popularmente conhecido, foi concebido para defender os EUA do ataque de mísseis balísticos intercontinentais soviéticos.
Tenho ensinado O Exterminador do Futuro para alunos desde o início dos anos 2000, inicialmente como parte de cursos relacionados à história moderna dos EUA e, desde 2006, como parte do programa de estudos de cinema da Universidade de Bangor. Isso me permitiu apreciar o filme e estudá-lo em profundidade. Ele deixou uma impressão profunda e duradoura em mim, não apenas como um dos melhores filmes de ficção científica dos anos 1980, mas como um dos melhores filmes de ficção científica já feitos.
Inspiração
James Cameron disse que inicialmente concebeu a ideia para o filme durante a pós-produção do filme de terror, Piranha II: The Spawning (1982). Ele escreveu um tratamento de 45 páginas, que pretendia dirigir, com sua futura esposa Gale Anne Hurd como produtora. Quando vários estúdios demonstraram interesse, o casal ficou preocupado em perder o controle do projeto. Cameron contratou Schwarzenegger para o papel-título no final de abril de 1983, para garantir seu envolvimento contínuo.
As filmagens começaram em fevereiro de 1984 com um orçamento de US$ 6,5 milhões (£ 5,2 milhões). Após 15 semanas de filmagem e pós-produção, uma edição bruta foi montada. Estreou em 26 de outubro de 1984 em 1.012 cinemas nos EUA. Embora as avaliações críticas tenham sido mistas, o público respondeu com entusiasmo, rendendo ao filme mais de US$ 9,7 milhões em seus primeiros dez dias.
O Exterminador do Futuro fazia parte de um novo subgênero da ficção científica conhecido como "tech noir". Ele apresenta a tecnologia como uma força destrutiva. Outros filmes desse gênero incluem THX 1138 (1970), Westworld (1973), Logan's Run (1976) e Blade Runner (1982).
Influenciado pelo supercomputador assassino HAL-9000 em 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick, O Exterminador do Futuro alimenta os medos gerados pela revolução na informatização desde a década de 1970. Não é coincidência que os olhos do ciborgue sejam vermelhos como os de HAL. Ao refletir sobre as implicações da tecnologia e manifestar um fascínio pela indústria de alta tecnologia da computação, a ascensão de corporações multinacionais e engenharia genética, ele projetou uma visão distópica e pessimista do futuro.
Schwarzenegger apareceu pela primeira vez na tela como o icônico T-800 aos 37 anos. Ele continuaria a interpretar a máquina até os 72 anos. O físico distinto de fisiculturista de Schwarzenegger contribuiu para a invencibilidade da máquina. Mas também se encaixou com o que foi chamado de político "durão" da era Reagan que favoreceu heróis de ação durões e hipermasculinos como Sylvester Stallone e Chuck Norris.
O enredo inovador, o ritmo, os efeitos especiais e a música de O Exterminador do Futuro ajudaram a estabelecer James Cameron como uma grande força em Hollywood. Antes disso, ele havia dirigido apenas um filme. Depois disso, ele dirigiu alguns dos maiores sucessos de bilheteria das décadas de 1980 e 1990, incluindo Aliens (1986), The Abyss (1989), Terminator 2: Judgment Day (1991), True Lies (1994) e Avatar (2009).
'I'll be back'
O legado do filme na cultura pop é duradouro. A visão sombria de Cameron sobre o futuro criou um choque cultural que continua a ressoar até hoje. "I'll be back" continua sendo uma das frases de efeito mais icônicas da história do cinema.
O que começou como um filme agora se tornou um universo multimídia composto por sequências, uma série de televisão, websérie, quadrinhos, videogames, jogos de tabuleiro, romances e até mesmo brinquedos de parque temático. A franquia também é frequentemente citada em debates relacionados a corporações multinacionais, robótica, biopolítica, IA e apocalipse nuclear.
Isso ocorre porque a mensagem do filme sobre tecnologia e o futuro é ainda mais relevante hoje do que há 40 anos, como Gale Anne Hurd explicou no início deste ano: "Consideramos o filme como tendo uma perspectiva cautelosa sobre o futuro da tecnologia, se não prestarmos atenção. Jim e eu sabíamos que a IA e a robótica seriam desenvolvidas. Não havia dúvidas na mente de ninguém e queríamos que as pessoas considerassem as consequências. Depois de abrir a caixa de Pandora, você não pode colocar tudo de volta."