Indiscutivelmente o verão de 1983 foi o mais quente da década, aglomerações de pessoas formavam-se em torno das praias, agoniado e agitado pelo calor só pensava num bom cochilo. Após terminar os afazeres no galpão da loja, peguei a velha bicicleta e pedalei distraidamente, despercebido pela sonolência não vi o quebra-molas, acabei por perder a direção da bicicleta e caí no chão.
Imediatamente me vi sendo levado para um lugar escuro, eu já não estava no mundo físico, gritos pedindo por misericórdia ecoavam por todo lugar, um repugnante medo se apossou do meu corpo, na realidade não era um corpo de carne, mas uma mistura de sangue e um líquido espesso, amarelado e opaco. As caveiras presas nas jaulas olharam para mim, e uma caveira mais alta agindo como um chefe veio na minha direção. Chorei me perguntando: ‘Se aquilo era o inferno ou um sonho?’
De maneira inexplicável voltei ao meu corpo e estava sendo levado sobre uma maca; algumas médicas mediram minha pressão arterial. Sentira muitas dores mas não recordara do acidente. Semanas depois recordei do estranho e sobrenatural lugar, desde então tenho sido uma pessoa mais espiritual, ainda tenho medo quando relembro daquele Hades.