Figura mitológica do folclore irlandês, transportado para os Estados Unidos através dos imigrantes do século 19, o Leprechaun (lê-se “Lép-rê-cáun”) também é conhecido no Brasil graças aos filmes e desenhos animados que apresentam essa figura simpática. Ele é apresentado como um diminuto homenzinho ruivo, sempre ocupado e agitado, extremamente ansioso, com uma barba ruiva e muito falante.
O nome “Leprechaun” é possivelmente originário do gaélico “Luacharmann”, significando “Meio-corpo” (no sentido de pequeno), ou “Leithbrogan” que significa “sapateiro”. Outra interpretação para a origem do termo seria a de que “Leprechaun” vem de “Luch-chromain”, gaélico para “pequeno Lugh corcunda”.
O Leprechaun sempre está ocupado trabalhando como sapateiro, e de acordo com o folclore, sempre aparece em duas situações: no meio de trevos ou no final de um arco-íris, onde se encontra seu pote de ouro com suas economias de toda vida; por ser mesquinho – pão-duro –, está sempre com roupas luxuosas, mas em péssimo estado de conservação. Ele também é tido como “o sapateiro da terra das fadas”, e também pode ser chamado de “duende” e “gnomo”.
Os Leprechauns são considerados guardiões ou conhecedores da localização de vários tesouros escondidos (como dito anteriormente, seus próprios tesouros). Para obter tais tesouros (normalmente um pote de ouro) é preciso capturar um Leprechaun e não o perder nunca de vista. Caso contrário, ele desaparece no ar.
De acordo com o folclore irlandês, é muito importante que o ser humano veja o Leprechaun antes de ele ver o ser humano, porque assim ele fica mais dócil, amigo e cooperativo; caso o humano seja amigo dele, como recompensa ele o leva até o final de um arco-íris e entrega de presente um pote de ouro que antes estava escondido. Mas ele é muito astuto e traquina, capaz de desaparecer num piscar de olhos caso ele veja o humano primeiro. Acredita-se que eles também tenham uma moeda de prata mágica, que volta à sua bolsa, depois de ser gasta, dando a esses seres fantásticos a característica da malandragem.
Os Leprechauns são descritos como sempre alegres e geralmente vestidos à maneira antiga, com roupas verdes, um barrete vermelho ou um estranho chapéu de três pontas, avental de couro e sapatos com fivelas. Esses duendes são frequentemente associados ou confundidos com os Cluricaun (foto abaixo), criaturas mágicas que habitam adegas e depósitos de vinho. Segundo alguns autores, estes dois seres encantados poderiam até ser duas formas diferentes do mesmo ser, tomadas em diferentes momentos do dia ou do ano.
O Leprechaun aparece em todas as lendas e folclore irlandês. Lá, é conhecido como um pequeno homem de roupas verdes, bigode, olhar simpático e um cachimbo na boca. Geralmente vive em pequenos arbustos, em bosques ou florestas. É conhecido por fazer só dois sapatos por ano. Os sapatos que eles fazem são muito bonitos, feitos de materiais naturais, tais como, flores e gotas de orvalho. Além do seu cachimbo, estão sempre acompanhados pelo seu pequeno, velho e gasto martelo. O Leprechaun é muito pequeno, medindo 30 a 50 centímetros de altura.
E a Igreja transforma o folclore em demônios...
Com a chegada do Cristianismo à Irlanda, no início da Idade Média, muitas figuras de seu folclore antiquíssimo tiveram que ser transformadas em figuras pagãs em contraste com os santos, anjos, arcanjos, Jesus Cristo e Deus. Não poderia haver “competições” de simpáticos: não se podia pedir dinheiro a um Leprechaun enquanto se ia à missa todos os dias, caso contrário você se tornaria um herege. Durante a história do Cristianismo vemos figuras mitológicas serem menosprezadas por causa da expansão da fé.
Assim sendo, os Leprechaun passaram a ser considerados pequenos demônios verdes das florestas que apareciam para enganar o homem e dar a ele a cobiça (lembre-se da história de dar ao ser humano o pote de ouro). Foi desta maneira que esses pequenos seres passaram para o subterrâneo da história folclórica como ajudantes terrenos dos demônios que combatiam a boa fé e Jesus Cristo, corrompendo os homens com ouro, prata e bebida (fazendo, aí, uma confusão com os Cluricauns).
Um dos maiores exemplos de demonização contemporânea da figura do Leprechaun se encontra em um dos episódios clássicos do Pica-Pau, de 1949, quando o protagonista encontra um deste ser que acaba prometendo muito dinheiro, fama e fortuna. No final, depois de muita confusão e depois de muito enganar o Pica-Pau e força-lo a cometer vários crimes, o Leprechaun vai para o inferno e é recebido pelo Satanás, que ri e afirma: “Seja bem-vindo de volta. Quer dizer que você conseguiu voltar ao seu lar antigo?
Com a Informação Fatos.