A Assustadora História de William Burke e William Hare. Mistério Resumo.




O pior de tudo eram seus motivos torpes para cometer os crimes, o grupo formava uma quadrilha que passou a ser notória em toda Escócia não apenas por serem ladrões de corpos, mas assassinos impiedosos. O macabro bando negociava os cadáveres de suas vítimas com hospitais, escolas e universidades médicas para suprir a demanda de espécimes para dissecação. O comprador dos cadáveres era ninguém menos do que o Dr. Robert Knox, um conhecido professor de anatomia de uma das mais conceituadas instituições da capital escocesa, o Surgeons College.
A chocante investigação criminal e o subsequente julgamento levantou diversas questões delicadas sobre a prática da Medicina e a melhor maneira de se obter espécimes para que os médicos pudessem aprender seu ofício, trouxe também muitos questionamentos a respeito da maneira como a força policial estava equipada para a tarefa de proteger o público.
Os crimes foram revelados quando dois inquilinos de Burke, Ann e James Gray, começaram a suspeitar do misterioso desaparecimento de uma hóspede, Madgy Docherty, que eles haviam conhecido na Pensão de Hare uma noite antes, eles encontraram o que parecia ser indícios de luta em um dos quartos e manchas de sangue no assoalho. Seguindo o rastro encontraram o corpo sem vida de Docherty escondido em baixo da cama de um aposento trancado, "A expressão de horror na face pálida da pobre mulher fez com que procurássemos a polícia", contou Gray mais tarde. Burke, McDougal, e os Hare foram presos pelo assassinato de Docherty, William e Margaret Hare aceitaram delatar seus comparsas, convertendo-se em testemunhas, a narrativa do casal para a promotoria, revelou um caso ainda mais macabro que deixou a cidade em estado de choque.
Burke e McDougal foram julgados por assassinato em Dezembro de 1828,
contra McDougal as provas não foram suficientemente conclusivas e ela acabou sendo liberada, já Burke foi sentenciado à morte. Ele foi executado em 28 de janeiro de 1829. Seu corpo ironicamente foi enviado para o Colégio de Medicina, dissecado e publicamente exibido para os curiosos. O método usado pela quadrilha para matar suas vítimas, sufocamento através de pressão compressora sobre o peito, passou a ser conhecido como "burking", uma forma cruel de matar usando o peso corporal em um processo de esmagamento dos pulmões. As vítimas morriam de hemorragia, literalmente afogando-se em seu próprio sangue.
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A história de Burke e Hare, não parou por aí, ela encontrou seu caminho através de revistas populares, os chamados Penny Dreadful, publicações baratas vendidas para os cidadãos sedentos por narrativas criminais sanguinolentas. Publicado em semanários como a Blackwood's Magazine, a história se tornou famosa em toda Europa, chegando à América, o estardalhaço foi tamanho que o famoso autor Robert Louis Stevenson de O Médico e o Monstro, escreveu um romance baseado no caso e uma peça de teatro teve um enorme sucesso. Até o famoso Museu de cera de Madame Tussaud ganhou uma ala com os assassinos retratados em sua horrenda rotina homicida.
Burke e Hare admitiram a participação em 16 homicídios, todos que conheciam a dupla e suas esposas afirmaram que as mulheres deviam saber a respeito dos acontecimentos e que provavelmente teriam ajudado nos crimes, ou ao menos facilitado as mortes. Burke e Hare dividiam o dinheiro que recebiam pelas entregas, enquanto Margaret Hare descontava sempre uma libra pelo uso da pensão onde ocorriam as mortes. Muitas pessoas assumem que Helen McDougal era apenas uma cúmplice menor, mas sua ligação com a quadrilha era óbvia.
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Alguns afirmaram que cabia a ela selecionar muitas das vítimas e direcioná-las para seu fim na pensão, também provou-se durante o julgamento que ela tinha em sua posse as roupas e os pertencentes de uma vítima, Mary Paterson. Burke, no entanto, conseguiu livrar sua companheira da forca, afirmando que ela não tivera participação em nenhum dos assassinatos e que ela meramente acreditava que o grupo era parte de uma quadrilha de ressurreicionistas, ladrões de sepulturas. Esses bandos invadiam cemitérios e escavavam sepulturas para abastecer os colégios de medicina com cadáveres recém enterrados.
O primeiro cadáver obtido por William Burke e William Hare havia morrido de causas naturais na pensão de Hare e foi a facilidade com a qual o cadáver foi vendido e o alto preço da negociação que fez com que os dois concluíssem que poderiam ficar ricos com essa atividade. Cada cadáver era vendido por oito ou dez libras, uma verdadeira fortuna na época, um negócio tão bom que Burke teria dito, "só um idiota pararia depois de fazer pela primeira vez." E continuaram: entre janeiro a outubro de 1828, mataram um total de três homens, doze mulheres e uma criança.
Os nomes Burke e Hare, no entanto se tornaram sinônimo de medo e crime em Edimburgo, e mesmo hoje são tidos como os mais notórios assassinos da história da Escócia. Ironicamente o esqueleto de William Burke ainda é usado pela Escola de Medicina de Edimburgo como uma ferramenta de aprendizado, se tornando após sua morte parte do comércio que fomentou ao longo de sua vida.














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