A história do velho do saco – ou do homem do saco – é uma das mais populares em todas as culturas do Ocidente, contada pelos pais para amedrontar crianças teimosas ou malcriadas. Há registros desta lenda urbana sendo contada como medida educativa nos Estados Unidos, México, Argentina, Portugal, Alemanha, Rússia, Inglaterra, Brasil, Colômbia, Grécia, Itália, França etc.
De acordo com a antropologia, que estuda as lendas e mitologias dos povos, sempre há um mito fundador, ou seja, aquele primeiro que é adaptado pelas sociedades de acordo com suas características e necessidades. Assim, a história envolvendo o velho do saco raptor de crianças teria, também, essa mesma raiz – justamente por estar presentes em várias partes do mundo. Portanto, veio de algum lugar com base em algum tipo de fator. E realmente há!
A origem da lenda, de acordo com antropólogos urbanistas...
De acordo com o que nos conta a lenda, as crianças que o velho carrega consigo são aquela que estavam sem nenhum adulto por perto, em frente às suas casas ou brincando na rua sem a permissão dos pais – nota-se aí o contexto patriarcal de força sobre os menores. Assim, o velho pegaria a criança caso ela saísse sem ninguém de dentro de casa, ou sem estar sob a vigilância e a responsabilidade de um adulto.
Na Europa a lenda tem um fim. As crianças carregadas pelo velho do saco eram transformadas em sabonetes, pele de tamboretes e seus ossos eram transformados em botões. Tudo isso para manter vivo o pavor das crianças em irem sozinhas para a rua sem a supervisão de um familiar.
A origem da lenda, de acordo com antropólogos urbanistas...
De acordo com o que nos conta a lenda, as crianças que o velho carrega consigo são aquela que estavam sem nenhum adulto por perto, em frente às suas casas ou brincando na rua sem a permissão dos pais – nota-se aí o contexto patriarcal de força sobre os menores. Assim, o velho pegaria a criança caso ela saísse sem ninguém de dentro de casa, ou sem estar sob a vigilância e a responsabilidade de um adulto.
Na Europa a lenda tem um fim. As crianças carregadas pelo velho do saco eram transformadas em sabonetes, pele de tamboretes e seus ossos eram transformados em botões. Tudo isso para manter vivo o pavor das crianças em irem sozinhas para a rua sem a supervisão de um familiar.
De acordo com os antropólogos e etnólogos, não há evidências concretas de como se tenha dado início a esta lenda, mas há estimativas históricas que podem ajudar a nortear isso, dando uma chave para os motivos da existência deste mito urbano que atravessou continentes. Tudo teria ocorrido por volta da década de 1850, na Europa, quando os ciganos começaram a fazer o movimento de imigração para as Américas.
1. Neste período, na Europa, era muito comum que crianças fossem roubadas das ruas, principalmente nas zonas rurais, para que fossem vendidas a orfanatos e grandes industriais como mão de obra nas fábricas – nesse período, era comum uma criança trabalhar até 16 horas diariamente a um salário ínfimo;
2. Alguns dos raptores na Europa eram ciganos que, por viverem à margem da sociedade dependiam de dinheiro para sobreviver diariamente. Por isso, a fonte de lucros da quiromancia (ler as mãos) e artes circenses já não dava mais o mesmo dinheiro no período da Belle Epoque europeia. Assim, as crianças eram raptadas pelos grupos de ciganos e vendidas em outros cantos;
3. Os números de raptos eram maiores no Leste Europeu: Rússia, Ucrânia, Romênia, Grécia, Bulgária etc. Essas crianças raptadas pelos “velhos do saco” eram vendidas em cidades como Londres, Birmingham, Liverpool, Manchester, Lyon, Paris, Milão, Turim, Berlim e Viena;
4. Havia o preconceito, na época, de que ciganos e judeus não tinham nação ou pátria – no período em que o Nacionalismo tornava-se uma doença no mundo – e por isso vendiam as crianças, pois, para eles, a família não importava, e o sumiço “seria somente uma questão esquecida pelo tempo”.
No século 19, teve início a migração maciça dos ciganos para as Américas, principalmente Brasil e Estados Unidos. Fugiam de todo esse preconceito que estava arraigado nas sociedades europeias, que lhes impedia até de terem residência fixa – chamada “questão sectária”. Não foi o suficiente; no mesmo período o continente americano teve o maior fluxo de migração de ingleses, espanhóis, irlandeses, judeus, italianos, alemães, suíços. Os ciganos não conseguiram se livrar deste jugo eterno.
Sem pátria, num mundo onde tudo se transforma em uma velocidade cada vez maior, o povo cigano viveu durante muito tempo marginalizado da sociedade e desenvolveu-se uma aversão da população a esse povo, tachando-os de ladrões, sequestradores e vadios. No início do surgimento da lenda do velho do saco no continente americano, os pais amarravam uma fita vermelha na perna da cama da criança indesejada e o velho do saco passava à noite de casa em casa, se houvesse uma fita vermelha na perna da cama o velho do saco poderia levar embora a criança em questão. De acordo com os antropólogos, essa história era a versão original da lenda do velho do saco, os pais a usavam para assustar as crianças ou para forçarem as crianças a serem obedientes.
Desta maneira, podemos perceber claramente que uma lenda urbana não é somente o nexo de vários elementos culturais, mas sim que eles têm nexo com os contextos sociais, econômicos, históricos e antropológicos. A lenda do velho do saco mostra o preconceito da sociedade vitoriana para com os ciganos, além de tentarem impor a obediência a uma sociedade machista e patriarcal. No fundo descobrimos que tudo tem uma história para ser contada.
Com a Informação Fato ou Farsa.